3 de janeiro de 2009

Não há desculpas

Mais uma poesia publicada há cerca de um ano atrás. Em comemoração ao primeiro aniversário do Experimentando Versos:

Desculpem os atos
Inconseqüentes e inaptos.

Desculpem as faltas
Recorrentes e hipócritas.

Desculpem a burocracia
Inválida e convalida.

Desculpem os relatórios
Os rótulos e diagnósticos compulsórios.

Desculpem a indiferença
Estúpida e covarde.

Desculpem estes dias
Em que não se come
Não se bebe
Não se abraça
Não se ama.

Desculpem
Essa vida desgraçada
Atores e atrizes de uma estória trágica
Sem a mínima graça.

5 comentários:

Flor disse...

Sempre achei que o fato de pedir desculpas sempre fosse uma confissão de culpa, e a culpa por si só já é uma prisão, espero sinceramente que todas as suas culpas sejam dissolvidas e suas desculpas absolvidas! Belos versos.

Unknown disse...

Dri, agredecido por sua visita e pelo comentario!
que os famintos, os sem teto, os sem terra, os sem carinho, sem compaixão, sem amigos, sem ... nos desculpem, ou, desculpem a nossa sociedade por toda a nossa/sua indiferença flagrante e, sobretudo, absurda.
se confessar a culpa fosse condição para não voltar a comete-la, se falar do que sentimos nos libertasse das prisões invisiveis que nos cercam, se a desigualdade e a miseria fossem excessões e não regras neste vasto mundo... a beleza de um sorriso ainda seria belo e o sol mais claro e os sonhos mais reais.

Sonia Schmorantz disse...

As vezes parece que só falta pedirmos desculpas pelo fato de existirmos...
Belo poema
Boa semana

Anônimo disse...

Zé (Se posso chamar-te assim),
De uma leleza no versejar mas de um peso no ler que nem sei dizer-te.
Desculpar-se ante as culpas que (ainda?) não são nossas, ou que não são só nossas ou que apenas acreditamos não ser nossas... Amenizar a dor é confessar a culpa?


Beijocas
www.lizziepohlmann.com

Abraão Vitoriano disse...

Convite aceito com total prazer. Já te linkei e espero trocar muitos “pedaços de vida” contigo. Abraço poético. E sempre estarei navegando por aqui...