1 de abril de 2012

Cale-se!


Pai, afasta de nós as amarras da censura velada que insistem em cercear  o nosso tempo. Andamos tão sós, descrentes da vida, descrentes de tudo. Em nosso redor, vemos a miséria se espalhar feito vírus em corpo débil. Vemos a alegria ser sequestrada pela tristeza e a resignação torna-se o signo de nossa geração. Pai, afasta de nós a desesperança crescente, o medo estéril e a hipocrisia. Nos braços da violência não há abraços, amor ou amizade. A violência se transformou em nosso instrumento equivocado de luta, em nossa maneira estranha de viver, em nosso jeito forçado de sonhar com os punhos cerrados e a testa franzida. Pai, eu sonho diariamente com a invenção de outros mundos possíveis. Um mundo sem paz feita de guerras, sem ruas sem saída, sem doenças incuráveis, sem armas de fogo, sem o fogo cruel das armas. Pai, afasta de nós este cala-se.

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