2 de janeiro de 2011

Haiti: entre a miséria e o esquecimento

       

      Na geografia das misérias sociais, o Haiti ocupa a posição indesejada de país mais pobre das Américas. Aproximadamente 45% de sua população é analfabeta. Se não bastasse sua pobreza estrutural, em janeiro de 2010 um terremoto deixou, pelo menos, 250.000 mortos e 1,5 milhão de desabrigados. Na época da tragédia, a opinião pública internacional voltou-se para o Haiti e, por isso, não faltaram redes de televisões e jornais que foram para o pobre país cobrir a desgraça de sua gente. No próximo dia 12 se completará um ano da tragédia e a situação no Haiti continua desoladora. Em reportagem de Nina Lakhani para o jornal The Independent, a jornalista relata que: “em meio a fanfarra e publicidade em torno da chegada de ajuda dos EUA e do Reino Unido, centenas de médicos, enfermeiros e terapeutas cubanos chegaram discretamente. A maioria dos países foi embora em dois meses, novamente deixando os cubanos e os Médicos Sem Fronteiras como os principais prestadores de cuidados para a ilha caribenha¹”.

       Pesquisando por “Haiti” no “Google Imagens” apareceram 32.500.000 resultados na incrível velocidade de 0,30 segundos. Infelizmente, a velocidade e a abundância com que as imagens da tragédia se espalham através da internet não reflete, nem de longe, a ajuda ou o interesse da opinião pública internacional por este país que de tão pobre conseguiu a façanha de ser o mais miserável entre os miseráveis da América. Das imagens que vi, a maioria traz em si o retrato da pobreza congênita que caracteriza o povo haitiano há décadas. Para estes, a vida se confunde com um suplício e a miséria é tão familiar que nem se diferencia daquilo que eles se tornaram: testemunhas solitárias da desgraça humana. O crime que o povo haitiano cometeu foi ter nascido no Haiti. E desta ofensa, eles jamais serão perdoados pelos donos do planeta.
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¹ A matéria pode ser acessada neste link.

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