3 de janeiro de 2011

Direito à memória e à verdade




       A nova ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, assumiu pedindo ao Congresso que aprove a chamada “Comissão de Verdade”. Esta terá por objetivo investigar os crimes cometidos na época da ditadura civil militar brasileira e, enfim, contar a história dos mortos e desaparecidos durante este trágico período. Segundo a ministra, "o Estado brasileiro tem que resgatar sua dignidade em relação aos mortos e desaparecidos na ditadura¹ "

       Segundo Eduardo Galeano (“O livro dos abraços”, 2005, p. 110), “o medo seca a boca, molha as mãos e mutila. O medo de saber nos condena à ignorância; o medo de fazer nos reduz à impotência. A ditadura militar, medo de escutar, medo de dizer, nos converteu em surdos e mudos. Agora a democracia, que tem medo de recordar, nos adoece de amnésia; mas na se necessita ser Sigmund Freud para saber que não existe tapete que possa ocultar a sujeira da memória.”
       Para nós que nascemos em meados da década de 1980, a ditadura militar sempre foi um tema visto através de livros, filmes, ou do relato de quem viveu este período. Somos filhos e filhas – netos e netas – de uma geração que viveu sua juventude sobre o prisma da ditadura. Uma geração que teve seus sonhos abortados e sua potência crítica de revoltar-se castrada. Por outro lado, nossa geração década de 1980 nasceu sobre o signo da resignação e da apatia e com eles tão rapidamente se identificou. A história de nosso presente mostra como grande parte de nossa “geração coca-cola” não sabe o que significa revoltar-se ou rebelar-se. O medo de ousar, de nadar contra a maré, nos rouba a coragem de ir para além daquilo que nos é dado.    

¹ Citação retirada de matéria do site Folha.com: aqui.

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