A quarta é de cinzas
Mas o batuque do samba não se apaga
E antes de raiar a quinta
Já se ouvem novas batucadas.
Vai o Pierrot e dança, pula, balança
No meio da multidão
Atrás de sua colombina e na esperança
De conquistar-lhe o coração.
O passista faz desenhos no ar com seus movimentos
Voa sem sair do chão e gira com o seu corpo
Desafia as leis do espaço e do tempo
Sorri, mas deixa escapar uma lágrima pelo rosto.
As crianças brincam e seguem o bloco pela rua
O rei mono, agora mais magro, desfila sorridente
Vai sambando ao lado da rainha e de todas as suas
Muitas princesas e pretendentes.
A alegoria passa e vai em direção ao desfile
As baianas rodam para aquecer e comemorar
Mas, sem avisar, o carro quebra e o dia fica mais triste
Até que o samba toca alto e todos se esquecem das lágrimas
[e vão sambar.
Nem tudo é festa,
A menina quer uma fantasia de fada
Mas a mãe não pode lhe dar mais do que lhe resta
E o que tem já não é quase nada
Na rua alguns poucos mascarados
E o pessoal da limpeza varrendo o chão
O cavaquinho e o pandeiro agora silenciados
Não tocam, mas bate forte o coração.
Na quadra a espera pela apuração dos votos
Em casa o saudosismo dos mais velhos a discutirem
Na rua a chuva caindo dispersa e passiva sobre os corpos
Apressados por se esconderem embaixo das marquises.
E em cada canto algum samba entoando
Uma alegria dispersa e perdida
Por entre letras de sambas de outros carnavais
Cantando nossas muitas tristezas e alegrias
A lembrança de tempos que não voltam mais
E a busca de dias diferentes
Onde possamos levar nossos blocos e sambas em paz
E o pierrot e a colombina possam se amar ardentemente.
Na quarta o carnaval acaba
Mas não termina
O samba invade cada madrugada
E não se esvai com as cinzas.
O pierrot, enfim, encontrou a sua colombina
E eles vão de mãos dadas pelo caminho
Ele diz que a ama e a amará por toda sua vida
E ela desconfia desse amor tão repentino
Mas deixa ele pensar que ela acredita...
* Esta poesia foi publicada originalmente em fevereiro de 2008 aqui no Experimentando Versos. Como dizem, relembrar é viver...
Mas o batuque do samba não se apaga
E antes de raiar a quinta
Já se ouvem novas batucadas.
Vai o Pierrot e dança, pula, balança
No meio da multidão
Atrás de sua colombina e na esperança
De conquistar-lhe o coração.
O passista faz desenhos no ar com seus movimentos
Voa sem sair do chão e gira com o seu corpo
Desafia as leis do espaço e do tempo
Sorri, mas deixa escapar uma lágrima pelo rosto.
As crianças brincam e seguem o bloco pela rua
O rei mono, agora mais magro, desfila sorridente
Vai sambando ao lado da rainha e de todas as suas
Muitas princesas e pretendentes.
A alegoria passa e vai em direção ao desfile
As baianas rodam para aquecer e comemorar
Mas, sem avisar, o carro quebra e o dia fica mais triste
Até que o samba toca alto e todos se esquecem das lágrimas
[e vão sambar.
Nem tudo é festa,
A menina quer uma fantasia de fada
Mas a mãe não pode lhe dar mais do que lhe resta
E o que tem já não é quase nada
Na rua alguns poucos mascarados
E o pessoal da limpeza varrendo o chão
O cavaquinho e o pandeiro agora silenciados
Não tocam, mas bate forte o coração.
Na quadra a espera pela apuração dos votos
Em casa o saudosismo dos mais velhos a discutirem
Na rua a chuva caindo dispersa e passiva sobre os corpos
Apressados por se esconderem embaixo das marquises.
E em cada canto algum samba entoando
Uma alegria dispersa e perdida
Por entre letras de sambas de outros carnavais
Cantando nossas muitas tristezas e alegrias
A lembrança de tempos que não voltam mais
E a busca de dias diferentes
Onde possamos levar nossos blocos e sambas em paz
E o pierrot e a colombina possam se amar ardentemente.
Na quarta o carnaval acaba
Mas não termina
O samba invade cada madrugada
E não se esvai com as cinzas.
O pierrot, enfim, encontrou a sua colombina
E eles vão de mãos dadas pelo caminho
Ele diz que a ama e a amará por toda sua vida
E ela desconfia desse amor tão repentino
Mas deixa ele pensar que ela acredita...
* Esta poesia foi publicada originalmente em fevereiro de 2008 aqui no Experimentando Versos. Como dizem, relembrar é viver...
6 comentários:
Atualíssimo...usou do carnaval para lembrar um velho par de amor e escreveu muito bem.
um abraço e boa semana
como sempre me fazendo viajar pelas minhas ideias, criando imagens lindas e fantasiosas e outras tao reais e dolorosas.
lindo texto
(como sempre.)
;*
Ótimos versos. Gosto de poemas que falam sobre o carnaval, mas de um ponte de vista mais triste, exatamente na quarta-de-cinzas. Além disso, seu poema lembra tempos em que o carnaval era mais simples... Até a próxima.
Um poeta passeando pelo carnaval, captando sentidos e sentimentos, e transformando em letras belas. Parabéns J.R.!
P.S.: Obrigado pelo comentário no poema que dediquei ao meu grande amor, em meu blog. Fiquei lisonjeado..
Abraço grande amigo de profissão!
Um excelente Carnaval repleto de aroma, cor, animação, felicidade e muita festa.
http://desabafos-solitarios.blogspot.com
quis escrever alguma coisa nesse... mas acabei fazendo alguns recortes por aí... um deles foi da sua poesia que eu amei[pod deixar q eu coloquei a autoria]
bj.
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