15 de novembro de 2008

A esperança despedaçada

Lá está
Ali na calçada
Com uma roupa velha
Terrivelmente magra e surrada
Encostada com um cobertor
Com um braço magro esticado
E a mão aberta.

A voz fraca, dilacerada
Sucumbindo sobre a coberta:
- "Um dinheirinho senhor. Minha senhora..."

Nada. Uma multidão passa
Corre, uma pressa desenfreada
E ela ali, vendo tudo
Sem poder fazer nada.

Vê as pessoas irem e virem
E ela lá, com a sua frágil mão esticada.
Alguém passa e deixa uma moeda
Ela agradece, é sincera.

Tão sincera que luta pela vida
Agarra - se aos fiapos que resta
Da velha esperança empoeirada.

Um lenço na cabeça
Cobre seus rasos cabelos
Sua testa enrugada.

Mais um dia
Ou talvez seja menos um
A indiferença a torna invisível
Aos olhos que só vêem o que querem.

Faça chuva ou sol ela está ali
Encolhida entre a parede de uma loja e a calçada
Pedindo pelo amor de Deus para ajudarem a não sucumbir
Mas é em vão. Ela parece perder a esperança despedaçada.

Sente que os dias vão passando lentamente
Enquanto ela olha a multidão apressada
Sabe que por ela as pessoas são indiferentes
E que, apesar de tanta opulência alardeada
Quanta dor e miséria no coração de toda essa gente.

11 comentários:

Ana Aitak disse...

Obrigada por me colocar nas suas listas: de amigos, e dos blogs que acompanha, fiquei feliz em saber. Voltarei aqui mais vezes,me devo uma leitura mais demorada, além de ver toda a decoração, as frases, as imagens, tudo de muito bom gosto e convidativo. Valeu mesmo.

Ana Aitak disse...

eu acho muito bonito esse dom de fazer poemas, de fazer poesia...

Menino Dieke disse...

muito belo a sua poesia, falar da realidade da sociedade brasileira, quantas pessoas não vivem o que diz a sua poesia!! com a esperança desperdaçada?

Carol Mendes disse...

Ola meu bom amigo.
Na grande maioria das vezes passo por aqui sem deixar rastros e em meio a correria do dia a dia e as vezes ausencia de palavras para expressar a forma que tocou, vou sem lhe deixar um abraço.
Este retrato da indiferença que tornou-se constante entre a multidao eh tao fiel a realidade que faz com que nos perguntemos quantas vezes estamos apressados demais para acolher alguem com um gesto ou um sorriso, quantas vezes este mesmo sorriso podera significar a sensivel diferença de valer continuar vivendo, lutando e tentando.
Forte abraço.

Menino Dieke disse...

voltei só pra agradecer pelo comentario, muito obrigado!
e com relação aos links posso posso ser util?

Anônimo disse...

lindo e dolorido.
daqueles q da aperto bem no centro do peito, faz a gnt olhar pra dentro de nós mesmos e pensar, e depois, calar.

lindo demais.

;*

Vênus disse...

Oi,Zé

Que dura realidade,não é mesmo?Deixou-me com lágrimas nos olhos!
E vc diz com uma sensibilidade sem igual.Parabéns!

Obrigada por "acompnhar meu Blog"!Também me inclui aí na sua galeria..rs
bjs

bsh disse...

Amigo Zé,

A realidade é essa mesma mas compete a nós lutar contra essa tendência.

http://desabafos-solitarios.blogspot.com/

Tânia Duarte disse...

olá...
tenho andado muito ocupada, mas sempre que tenho um tempinho livre passo aqui no teu blog...
e cada vez qe cá venho está mais um poema para me surpreender :)

tu tens talento meu amigo :)

muitos beijinhos*

Anônimo disse...

Lindo poema... não de ficção, mas fixação... protesto contra os miseráveis de espirito... os piores... que seu poema faça nascer uma flor no asfalto... abração!

(Marta Selva) disse...

eu tenho certeza que voce ainda tem mais a dizer. hehe
esperando post novo!
;*