31 de maio de 2008

As notas de uma canção

Nenhuma rosa vermelha
Arrancada do vaso e colocada sobre a mesa
Nenhum verso, qualquer besteira
Rabiscado num papel de sobremesa.

Nada, nenhuma foto
Nenhuma mensagem na secretária
Ou qualquer presentinho inócuo
Deixado no sofá na sala.

Só havia a ausência
O não lido, o não falado
Um certo ar de decadência
Deixando a tudo impregnado.

Seus olhos perdidos se encontravam
No reflexo do espelho da janela fechada
E nesta via apenas as lembranças das pessoas que lhe deixaram
Sumindo sem explicação, sem aviso, sem nada.

Nenhuma pista, nenhuma fala
A chuva insistia em cair reta e partir-se no chão
Suas águas corriam incertas entre plantas e valas
Provocando-lhe uma alegria passageira e sem explicação

O mundo girava, corria, se transformava
Enquanto sentia o pulsar ritmado de seu coração
Nos compassos de uma marcha, às vezes uma batucada
A fazer-lhe levantar e continuar a solfejar as notas de uma canção.

4 comentários:

Tânia Duarte disse...

Adorei a tua poesia. Está muito sentimental, mas é linda =) (como sempre)
adorei falar contigo e saber que está tudo bem =)

beijos e continua a escrever as belas poesias, para eu ter o que ler :D

Mary M. A. disse...

Oi..

Me senti assim hoje! Inebriantemente assim!

... As vezes olho pela janela e vejo como se fosse um quadro...

Linda poesia.

Bju

Suely Melo disse...

este poema também é muito lindo! Gostei!
beijos..

Anônimo disse...

Vi seu comentário do forum do Recanto e vim conhecer seu blog.

Li rapidamente, mas gostei muito.
Como gosto de ler devagar, em voz alta e reler, voltarei para comentar os poemas que mais gostei.

beijos, muito prazer.