3 de janeiro de 2008

E agora?

Agora que o mundo se cala
Ele grita
Quer dizer porque veio
Mas também não sabe.

Agora que o mundo treme
Ele quer segurá-lo
Quer mostrar a sua força
Mas suas mãos pequenas não agüentam.

Agora que o mundo chora
Ele quer consolá-lo
Mostrar o quanto sente
Mas não adianta, ele chora também.

Agora que o mundo o cobra
Ele não sabe o que dizer
Sente que as palavras o abandonaram
A sua força converte - se em medo.

O seu corpo treme, o coração dispara
O suor toma conta de seu rosto
A sua vista embaça
A voz engrossa.

E então, e agora?
Que as saídas se fecharam
Os dias escureceram
E o céu está nublado, permanentemente
A dor, a solidão, o medo
Tão recorrentes.

E agora, você não é “José”
Não é um “Buendía”
Não é um “Rubião”
Não é um “Gregor Samsa”

Você que não é nem uma “Anna Karênina”
Muito menos um “Hans Castorp”
Ou quiçá um “Raskolnikov” ou ainda um “Zé Miúdo”.
Ora, quem é você
Que quer ter a sua parte neste mundo?

3 comentários:

Ana Silvia Teixeira disse...

Amigo José,

Este site é um verdadeiro deleite!

Através de seus versos podemos, paradoxalmente entrar em contato com um sonho real.

Nele submergir e dele emergir, pensando e aí, qual é a minha nesse mundo?

Quem visita, sai diferente. É mesmo um site muito especial.

Abçs,

Ana Silvia Teixeira

T S disse...

adorei seus escritos, sao, sem duvida cheios de emocao e sentimentos...
obrigada pela passagem no meu blog, vamos nos mantendo em contacto, eu fico com as confidencias e voce com os versos...:)
um beijao

Unknown disse...

Comentando os comentários:

saber que os "meus rabiscos" (me refiro as poesias) provocam as pessoas é gratificante. na verdade, não escrevo poesias para agradar ninguém, para ser premiado, para ter o meu nome reconhecido; escrevo versos com a intenção de provocar, de abalar, de desestabilizar aqueles que lêem minhas obras. Se isso de fato acontece e as pessoas saem do blog mexidas é uma outra questão.
trata-se de uma aposta: as poesias são as ferramentas, as armas que eu invento e utilizo para questionar tudo aquilo que está naturalizado em nossas vidas e sequer nos damos conta; tudo aquilo que nos impede de fazermos de nossa existência um ato de improviso criativo e não de mera repetição mecanicista.