6 de fevereiro de 2008

O pierrot e a colombina

A quarta é de cinzas
Mas o batuque do samba não se apaga
E antes de raiar a quinta
Já se ouvem novas batucadas.

Vai o Pierrot e dança, pula, balança
No meio da multidão
Atrás de sua colombina e na esperança
De conquistar-lhe o coração.

O passista faz desenhos no ar com seus movimentos
Voa sem sair do chão e gira com o seu corpo
Desafia as leis do espaço e do tempo
Sorri, mas deixa escapar uma lágrima pelo rosto.

As crianças brincam e seguem o bloco pela rua
O rei mono, agora mais magro, desfila sorridente
Vai sambando ao lado da rainha e de todas as suas
Muitas princesas e pretendentes.

A alegoria passa e vai em direção ao desfile
As baianas rodam para aquecer e comemorar
Mas, sem avisar, o carro quebra e o dia fica mais triste
Até que o samba toca alto e todos se esquecem das lágrimas
[e vão sambar.

Nem tudo é festa,
A menina quer uma fantasia de fada
Mas a mãe não pode lhe dar mais do que lhe resta
E o que tem já não é quase nada

Na rua alguns poucos mascarados
E o pessoal da limpeza varrendo o chão
O cavaquinho e o pandeiro agora silenciados
Não tocam, mas bate forte o coração.

Na quadra a espera pela apuração dos votos
Em casa o saudosismo dos mais velhos a discutirem
Na rua a chuva caindo dispersa e passiva sobre os corpos
Apressados por se esconderem embaixo das marquises.

E em cada canto algum samba entoando
Uma alegria dispersa e perdida
Por entre letras de sambas de outros carnavais
Cantando nossas muitas tristezas e alegrias

A lembrança de tempos que não voltam mais
E a busca de dias diferentes
Onde possamos levar nossos blocos e sambas em paz
E o pierrot e a colombina possam se amar ardentemente.

Na quarta o carnaval acaba
Mas não termina
O samba invade cada madrugada
E não se esvai com as cinzas.

O pierrot, enfim, encontrou a sua colombina
E eles vão de mãos dadas pelo caminho
Ele diz que a ama e a amará por toda sua vida
E ela desconfia desse amor tão repentino
Mas deixa ele pensar que ela acredita...

7 comentários:

Unknown disse...

Maravilhoso seu blog, seu talento... Amei as poesias, amo todas as expressões literárias, fiquei feliz em encontrar um espaço tão rico.

Tânia Duarte disse...

uma mistura de amor com a festividade carnavalesca...achei muito engraçado este poema.
Pois, nao é nada facil fazer poesia, e eu vou tentar escrever mais =)
um beijo
amiga ME

T S disse...

Oi amigo,
voltei... e estou agradecida por faze-lo...
teu blog esta lindo e me emociona... estou sem palavras!!!:)
te espero ansiosa nas minhas confidencias, e que desde agora possamos compartilhar ideias...
obrigada por tdo
ts

Carol Mendes disse...

Uma linda semana!! Toda mulher já teve um dia desses de colombina, de desconfiar de um amor repentino mas deixá-lo pensar que acreditava. Simplesmente porque independente de tudo o que vale a pena é amar e se sentir amada - ainda que as vezes isto pareça um tanto irreal. Um beijo.

T S disse...

de novo aqui amigo!!!
agradecida pelo teu comentario...
adoraria entrar no teu ciclo de amizades na blogsfera!!
passarei aqui mais vezes...
um bjo eterno
ts

ps-viva ao teu livro!espero que de o maior sucesso e que possas vende-lo, Deus eh grande, e esta te reservado algo grandioso,basta acreditar1;)

O Amor disse...

José, estou fascinado com sua poesia. Estilo marcante e capacidade imensa de abordar diversos temas. Vou estar sempre aqui, lendo mais de sua arte.

Para mim seria um grande prazer ter uma parceria de seu blog com o meu blog principal: o Gritos Verticais, endereço abaixo:

http://poemasdeandreluis.blogspot.com/

Seja bem-vindo.

Sucesso pra você,... hoje e sempre. Grande abraço, Poeta!



André L. Soares
direitos.autorais2006@gmail.com
.
.
.

Pripa Pontes disse...

oi jr! depois de um mês meio ausente devido às férias retorno aqui para conferir seus versos espetaculares, e me deparo com a maia do carnaval que vem e vai tão rápido, apesar de não ser foliã msmo, sempre achei interessante o sentimento de fantasia que rodeia essa festa e seus símbolos, como o momo, o pierrot e a colombina.
a colombina, a quem em meu último post, coencidentemente, roubei a personalidade para ousar segredos.

ah, e espero pela continuação do retorno de clarice!



Bjos.