31 de dezembro de 2007

Pedalando a vida

Montado em sua magrela
Atravessa a rua
Ainda escura
E vai: quer chegar
Mas já está louco para voltar.
Pedala vagaroso
Para que pressa?
Sai cedo para não correr
Pois vai soar a beça
E canta pro dia nascer
Reza pra não morrer
E bebe pra agüentar
A morte e o nascimento
De cada dia e noite de amor
E de tormentos.
Bebe pra se afogar
E pra se esquecer
Que as dores que afundam
Em seu peito fraco
O inundam e o deixam
A mercê no mar
Um barco parado
Apesar das ondas
E da maré
Os remos se soltaram
E ele decidiu
Que não quer mais chegar
E se necessário
Não vai nadar
Afundará com seu barco.
Enquanto isso
Pedala a sua magrela
Para não perder a hora
E chegar atrasado no serviço.
Enquanto isso ele bebe
Por que acha melhor sorrir
Do que chorar.

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