E hoje aqui no Rio de Janeiro homem faz tiroteio numa escola municipal (Realengo, Zona Oeste) matando uma dezena de crianças e deixando outras tantas feridas... E o dia nasceu triste e a tristeza, ela própria deprimida, quis fugir para não ver crianças baleadas, mortas, desesperadas. Filhos e filhas de famílias que com tanta determinação lutam diariamente para sobreviverem; para se manterem vivos nesta vida severina.
"É difícil defender,
Só com palavras, a vida,
Ainda mais quando ela é
Esta que se vê, severina;
Mas se responder não pude
À pergunta que fazia,
Ela, a vida, a respondeu
Com sua presença viva;
E não há melhor resposta
Que o espetáculo da vida:
Vê-la desfiar seu fio,
Que também se chama vida,
Ver a fábrica que ela mesma,
Teimosamente se fabrica,
Vê-la brotar como há pouco
Em nova vida explodida;
Mesmo quando é assim pequena
A explosão, como a ocorrida;
Mesmo quando é uma explosão
Como a de há pouco, franzina;
Mesmo quando é a explosão
De uma vida severina."
(João Cabral de Melo Neto)
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