Pai, afasta de nós as amarras da censura velada que insistem em
cercear o nosso tempo. Andamos tão sós,
descrentes da vida, descrentes de tudo. Em nosso redor, vemos a miséria se
espalhar feito vírus em corpo débil. Vemos a alegria ser sequestrada pela
tristeza e a resignação torna-se o signo de nossa geração. Pai, afasta de nós a
desesperança crescente, o medo estéril e a hipocrisia. Nos braços da violência
não há abraços, amor ou amizade. A violência se transformou em nosso
instrumento equivocado de luta, em nossa maneira estranha de viver, em nosso
jeito forçado de sonhar com os punhos cerrados e a testa franzida. Pai, eu
sonho diariamente com a invenção de outros mundos possíveis. Um mundo sem paz
feita de guerras, sem ruas sem saída, sem doenças incuráveis, sem armas de
fogo, sem o fogo cruel das armas. Pai, afasta de nós este cala-se.
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