1 de abril de 2010

A escrita

A escrita tem que servir à vida, assim como o cinema, a música, o teatro, a

arquitetura. Quem acredita que o trabalho é o oposto disso, está completamente

lesado... Não consigo encontrar outro sentido do fazer-escrever que não seja este:

seja em uma frase curta, em um poema ou em um ensaio, o que verdadeiramente

importa é que o ato de escrever somente mostra a sua força a partir do momento que

põe o leitor em uma nova perspectiva de si e do mundo. Por isso que, neste texto,

aquilo que fala não quer saber de tédio, nem de “ordem” ou de “coerência”. E se não

houver leitores, pouco importa, pois ele já serve para a minha própria vida... E já aviso

que este texto apenas não permite um único uso: o uso do capital. Aqui, ele não tem

nenhuma chance de existir. Desde a primeira frase, até a última, o capital é,

delicadamente, expulso. Ele olha para o texto e diz, decepcionado: “Hum... não há

nada que eu possa aproveitar por aqui!”. E aí ele vai embora, ávido por páginas

escritas que desejam ser exploradas por ele. De uma coisa tenho certeza: escrever é

um trabalho... ético.

Trecho de AMAURI FERREIRA. EM: "Discurso do trabalho irracional". Pp. 23-4

Um comentário:

(marta silva) disse...

nossa, muito muito bom. quero ler o todo ja.

;*